Foi fenda no tempo, sem saber se é rio abaixo ou acima. Isso já não importa. Caboclo agora voltou pra encontrar o rio e encontrou um menino. Menino ficou parado, olhando o Caboclo e Caboclo olhava as próprias mãos.
Um refletia o outro. Caboclo tinha certeza: havia encontrado seu menino de novo. Ambos correram pela mata adentro à procura do rio. Ao achar, mergulharam juntos, e quando saíram do rio eram de novo um só. Caboclo foi em busca do rio e encontrou à si mesmo.
Foi em busca de cura. Esqueceu que às vezes o veneno é o próprio antídoto. Mergulhou o Caboclo, como sempre fez. Mas agora, mergulhou em si. Não tem mais fogo ou fumaça. Não tem presa ou caça. Caboclo sabe o que quer. Sabe o que tem que fazer.
Havia ferida de flecha na perna do Caboclo, mas as feridas da alma eram as que doíam de verdade. Vai Caboclo. Volta pra mata. Cura. E volta firme, forte, caçador que com uma flecha só atira pra acertar.
Quando a chuva cair, se lava, se molha. Lembra sempre do menino que vivia à dançar e implorava pra rodar na chuva. Lava as feridas, cicatriza. Caboclo que cura sua dor não machuca ninguém. Okê Caboclo.
Escrito por Rascunhos do Fabio de Souza.
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